quarta-feira, 31 de julho de 2013

Processos de independência da América espanhola


1        1-   Haiti


      Em meio às conturbações que movimentavam a Revolução Francesa na Europa, uma pequena ilha-centro americana era responsável por um dos mais singulares processos de independência daquele continente. Sendo uma das mais ricas colônias da França na região, o Haiti era um grande exportador de açúcar, controlado por uma pequena elite de brancos proprietários de terra, responsáveis pela exploração da predominante mão-de-obra escrava do local.
  
          Com o advento da revolução, membros da elite e escravos vislumbram a oportunidade de dar fim às exigências impostas pelo pacto colonial francês. Contudo, enquanto a elite buscava maior autonomia política para a expansão de seus interesses, os escravos de origem africana queriam uma grande execução dos ideais de liberdade, igualdade e fraternidade provenientes da França revolucionária. Em meio a tais contradições, o Haiti se preparava para o seu processo de independência.

       No ano de 1803, Bonaparte enviou um grande exército que, sob o comando de Charles Leclerc, conseguiu deter Toussaint Louverture. Logo em seguida, o líder revolucionário acabou falecendo em uma prisão francesa. Apesar desse grande revés, os revolucionários haitianos contaram com a liderança de Jacques Dessalines para derrotar as forças do exército francês e, finalmente, proclamar a independência do Haiti. Logo em seguida, Dessalines foi alçado à condição de imperador do novo país.

          Somente no ano de 1806, quando Dessalines foi traído e assassinado por Alexandre Pétion e Henri Christophe, o Haiti passou a adotar o regime republicano. O reconhecimento da independência daquele país só aconteceria no ano de 1825, quando o governo francês recebeu uma indenização de 150 milhões de francos. Depois disso, mesmo vivenciando diversos problemas, a notícia da independência no Haiti inspirou a revolta de escravos em diferentes regiões do continente americano.

   Fonte: www.brasilescola.com/historia-da-america/independencia-haiti.htm‎l


2-México



       A Independência do México foi conquistada através de um processo de contestação à colonização que envolveu guerra, no início do século XIX um movimento de emancipação ganhou força e pressionou a metrópole colonizadora por sua liberdade, pois as divergências políticas e religiosas havia se tornado agudo. No dia 16 de Setembro de 1810 O padre Miguel Hidalgo declarou guerra na paróquia de Dolores Hidalgo, esta declaração ficou conhecida como o Grito de Dolores e então passou a liderar um movimento em defesa do México e seria apenas o início de um movimento que durariam oito anos e passaria por diversas fases e dificuldades até resultar na independência, foi um movimento heterogêneo que formou uma aliança de defensores da democracia, que eram os liberais, com defensores da monarquia, que eram os conservadores. Após a morte de Miguel Hidalgo quem assumiu o movimento foi José Maria Morelos e foi responsável por organizar uma estratégia que isolaria a Cidade do México para que fosse promulgada a Independência, mas ela foi invalidada e ele foi assassinado. Foi então que o processo de independência assumiu características da Guerra de Guerrilha.

          Em 1821, a tentativa espanhola de recolonizarão teve aparente sucesso, com o triunfo do general Itúrbide. Este, entretanto, acabou por se aliar a Guerrero, segundo um acordo conhecido como Plano Iguala: proclamação da independência, igualdade de direitos entre criollos e espanhóis, supremacia da religião católica, respeito à propriedade e governo monárquico, sendo a coroa oferecida a Fernando VII da Espanha. Entretanto, Itúrbide assumiu o governo com o título de Agustín I, em 1822.

       A monarquia mexicana teve curta duração, com a deposição de itúrbide e a proclamação da república de 1824, sendo eleito para os eu primeiro presidente o general Guadalupe Victoria. Entretanto, a instabilidade política marcava o país, não apenas em decorrência das lutas entre caudillos, mas também devido a conflitos externos. Entre os anos de 1846 e 1848, travou- se uma guerra com os Estados Unidos, da qual resultou a perda de vastos territórios para aquele país.

Pós Independência
-Fim da escravidão.
-Igualdade social entre Criollos e Espanhóis.
-Maior igualdade social como um todo.
-Liberdade comercial e possibilidade no desenvolvimento de outros setores.
-Maiores exportações de gêneros agrícolas.
-Guerras com os Estados Unidos que resultaram em perdas enormes de territórios. 

Fonte: http://historiadomexico.blogspot.com.br/


3. Cuba



          A metrópole que Cuba pertencia era a Espanha. 
       A independência de Cuba aconteceu porque os Estados Unidos estavam de olho nas suas grandes belezas natural e era a principal produtora mundial de açúcar, aconteceu no ano de 1898.
Os grupos envolvidos na independência cubana eram os proprietários rurais, como principal deles era Carlos Manuel de Céspedes, participaram também líderes populares como o mulato Antonio Maceo e todos seus irmãos e o general dominican Máximo Gómez.
        O principal personagem que atuou na independência de Cuba foi José Martí, com suas idéias e ações independentes e anti-colonialistas o tornou considerado o prócer e símbolo maior da independência Cubana.
        Após a independência, cuba se tornou independente, mas, na realidade, estava completamente dominada pelos Estados Unidos. Atualmente Cuba ganha muito, através de turistas estrangeiros, por ser um país de muitas belezas naturais.

Fonte: http://www.coladaweb.com/historia/independencia-de-cuba


4.Peru



         A oposição ao poder imperial crescia em toda a América do Sul no século XVII, dirigida principalmente pelos criollos, descendentes de espanhóis nascidos na América, ressentidos por não poderem participar dos assuntos do governo.
No entanto, a força que libertaria o Peru do domínio espanhol chegaria do exterior. Foi o general argentino José de San Martín, que colocou em prática um ambicioso plano. Entre agosto de 1814 e dezembro de 1816 formou o 
Exército Libertador, com soldados argentinos e chilenos.
Recebeu a ajuda do governo de Buenos Aires e denominou seu batalhão como "Exército dos Andes", com três mil infantes, 700 ginetes e 250 artilheiros. Com eles, empreendeu a marcha, a 12 de janeiro de 1817, com destino à Capitania Geral do Chile, atravessando a Cordilheira dos Andes.
           Em seis de fevereiro, chegaram a Chacabuco e, quatro dias depois, venceram os realistas. Com isso, iniciaram o processo de libertação da América do Sul. San Mrtín desembarcou com seu exército no porto de Pisco. Já no Peru, o General enviou uma expedição a mando do general Juan Antônio Álvarez de Arenales para que adentrasse na serra.
           Arenales venceu os espanhóis em Cerro de Pasco, a seis de dezembro de 1820 e logo se reencontrou com o Exército Libertador em Huaura, onde San Martín havia estabelecido seu quartel. Em julho de 1821, o exército de San Martín entrou em Lima, que havia sido abandonada pelas tropas espanholas. A perda do domínio do mar e o apoio de todo o norte do Peru à independência, fizeram com que os realistas se amotinassem e depusessem o vice-rei Pezuela, designando para o cargo La Serna. Este tentou um acordo com San Matín, mas fracassou. La Serna abandonou Lima e se dirigiu a Cusco para reorganizar suas forças.
        Imediatamente, San Martín ingressou com o Exército Libertador na cidade de Lima e proclamou a independência do Peru.

Fonte: http://www.igeduca.com.br/biblioteca/que-dia-e-hoje/independencia-do-peru.html

5. Equador



         A primeira tomada de Quito foi liderada por Juan Pio Montufar em 1809. Em 1820 Simon Bolivar respaldou o levantamento o qual declararia finalmente sua independência. Dois anos depois, Equador ficou livre do domínio espanhol, quando o marechal Sucre (general Bolivar) tomou Quito.             Equador tornou-se independente plenamente em 1830, firmou um tratado com Peru e trouxe uma fronteira entre os dois paises. Para os equatorianos este é o limite de fronteiras. As fronteiras acordadas troxeram a guerra entre os dois paises, que teve lugar em 1942 a definitiva.
           No Equador, como em quase todos os paises latinos americanos o enfrentamento político tem sido sempre entre liberais e conservadores, estes últimos respaldados pela igreja, enquanto que os liberais caracterizam-se por uma política socialista. Esta rivalidade tem feitos, que tanto no século XIX como no XX houvesse conflitos e ditaduras de diferentes governos militares.
Em 1979, iniciou um período democrático e em 1984 governaram os conservadores. Em 1988 Rodrigo Borja dirigiu um governo de tendência esquerdista.
         Atualmente, Equador é um país onde reina a paz com exceção dos últimos acontecimentos que tornou possível a renúncia do último presidente eleito, o demagogo Bucaram, em 1997.

Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Equador

6. Bolívia



          As sublevações de Chuquisaca e La Paz foram o ponto de partida das guerras de independência. O país se declarou independente em agosto de 1825 com o nome de República de Bolívar, que foi alterado para República de Bolívia.
               Em 1826, o libertador Bolívar outorgou ao país a primeira constituição, que foi aprovada pelo congresso de Chuquisaca. Antonio José de Sucre, grande marechal de Ayacucho, foi eleito presidente da república da Bolívia
                Desde o início de sua existência como nação independente, a Bolívia viveu quase em um estado crônico de revoluções e guerras civis e, durante os cinqüenta anos seguintes, os intervalos de estabilidade política foram breves e infreqüentes. Em 1837, a Bolívia se uniu ao estado Norte-peruanoe ao estado Sul - peruano para formar um novo estado, a confederação Peru-boliviano, que desapareceram dois anos depois, em 1839, pela oposição e declaração de guerra da confederação Argentina, do Chile e de um exército de restauradores peruanos.
          Em 1839, a batalha de Yungay definiu a dissolução da confederação Peru-boliviano. 

Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Bol%C3%ADvia#Independ.C3.AAncia

7. Venezuela


             Em 1808, quando Napoleão Bonaparte aprisionou o rei espanhol Fernando VII e impôs seu irmão, José Bonaparte, como rei da Espanha, a elite criolla venezuelana vislumbrou a possibilidade da formação de um cabildo abierto em Caracas, ou seja, um cabildo com a livre participação de criollos.
               Essa era uma questão política que afligia os criollos há muito tempo, pois só os espanhóis de nascimento - os chapetones -, mandados para a América pela coroa espanhola, tinham plenos direitos políticos nas colônias. A crise espanhola abriu uma brecha no sistema de dominação metropolitana, e os criollos queriam se aproveitar dela para poder assumir o controle local.
          Dessa forma se instaurou na Capitania Geral da Venezuela um conflito: de um lado, os espanhóis e os comerciantes, chamados de realistas, ligados diretamente ao mercado espanhol, que defendiam a submissão de Caracas às Cortes Espanholas; do outro lado, os criollos, chamados de patriotas, que queriam a autonomia da capitania.
Um ano antes, em 1807, Simón Bolívar, um militar criollo venezuelano, tinha retornado a Caracas. Na Europa freqüentara reuniões liberais, algumas delas em companhia de Francisco de Miranda. Bolívar era um grande defensor da independência americana e, nesse processo, passou a ser um dos líderes dos patriotas.
          Em janeiro de 1809, um novo governador chegou à Capitania da Venezuela, Vicente Emparan. Como era muito difícil a comunicação entre a Espanha e a América, os venezuelanos não sabiam ao certo se Emparan era um representante das Juntas Espanholas (a favor de Fernando VII) ou um político afrancesado (nome dado aos que defendiam a dominação francesa sobre a Espanha). Nessa situação, em 19 de abril de 1810, os criollos de Caracas decretaram a formação de uma Junta Governativa, obrigando Emparan a renunciar ao governo da Capitania e expulsando todos os espanhóis da administração e do território venezuelano. 

Fonte: http://educacao.uol.com.br/disciplinas/historia/independencia-da-venezuela-primeiro-pais-a-libertar-se-do-dominio-espanhol.htm




   8.Argentina 



         As notícias da Independência dos Estados Unidos e da Revolução Francesa insertaram ideias liberais na América Latina. A Argentina começou seu processo de independência da Espanha em 25 de maio de 1810, em um episódio denominado Revolução de Maio, empenhando-se em guerras contra os espanhóis e seus partidários (realistas); a revolução não teve uma calorosa acolhida em todo o vice-reino: outras regiões do Rio da Prata estavam tão interessadas em se tornarem independente de Buenos Aires como da Espanha. Em 1811 o Paraguai produziu sua própria declaração de Independência. Em 1812 as vitoriosas batalhas em que Manuel Belgranol libertou Tucumán e Salta asseguraram o êxito da independência e permitiram que José Gervasio Artigasreunisse o primeiro Congresso da Independência em Arroyo de la China, atual Concepción, Uruguai, em março e abril de1815. As campanhas militares lideradas pelo general José de San Martín e Simón Bolívar entre 1814 e 1817 incrementaram as esperanças de independência da Espanha, que foi declarada finalmente em Tucumán em 9 de julho de 1816 Esta é a data oficial da independência da Argentina apesar das comemorações se darem em 25 de Maio fazendo referência ao início do processo de independência que começou em 1810. Em 1820, José de San Martín preparava um exército destinado a libertar o Chile e o Peru declarando sua independência. Em 26 de junho de 1822 celebrou-se a histórica reunião com Simón Bolívar. Os ventos (e os líderes) da Independência da Argentina sopraram para as demais colônias espanholas na América do Sul. Os argentinos consideram San Martín — que realizou a campanha de independência da Argentina, Chile e Peru — como herói de sua emancipação e "Pai da Pátria".

Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Hist%C3%B3ria_da_Argentina#O_processo_de_independ.C3.AAncia

9. Chile



Os colonos tiveram a oportunidade de comandar diretamente a colônia devido à intervenção do império napoleônico na Espanha. Isso tornou o  momento favorável ao início do processo de emancipação chilena, já que a Espanha, preocupada com Napoleão, não tinha como fiscalizar sua colônia.
             Apesar do  grande significado dessa administração, a intenção dos integrantes dessa junta era somente governar a colônia até que a situação política da Espanha  se estabelecesse. Entretanto, esses poderes transitórios acabaram abrindo caminho para  que houvesse uma eleição  que determinasse  o  Primeiro Congresso Nacional Chileno. Seus primeiros representantes eram  conservadores, porém traziam consigo a influência dos ideais  iluministas e a autonomia conquistada  pelos norte-americanos, quando realizaram a independência dos EUA sobre a Inglaterra.
            Em pouco tempo, o ideal separatista ganharia fôlego com a chegada de Bernardo O’Higgins ao governo chileno., que recebeu apoio do general  José San Martin, que adquiriu experiência na independência argentina,sobre a mesma metrópole.
            E no ano de 1818, Bernardo O’Higgins,após vencer a guerra de Maipu,conquistou de uma vez por todas a independência do Chile. E o próprio O’Higgins governou, de forma ditatorial,até 1823,quando começou o regime republicano que foi marcado por mandatos de curtas durações,devido as disputas pelo poder do novo pais.

Fonte: http://tudosobrechile.blogspot.com.br/2010/10/independencia-do-chile.html

10. Colômbia



        O Vice-Reino de Nova Granada abrangia, na época colonial, os países que hoje conhecemos por Colômbia, Panamá e Equador (deste último, apenas uma parte). A história da independência desse vice-reino é complexa - e, até hoje, a data escolhida para se comemorar o princípio de suas lutas (20 de julho de 1810) causa grande debate entre os historiadores. Esse dia marca o início da formação de uma Junta de Governo em Bogotá (a capital), mas essa não foi à primeira Junta de Governo formada na Colômbia e seus membros não chegaram à independência nesse momento. No mesmo ano em que Napoleão tomou o trono espanhol (1808), a primeira cidade de Nova Granada a tentar formar uma Junta de Governo liderada pelos criollos foi Quito, atual capital do Equador. Mas, sem o apoio das regiões vizinhas (todas ainda sob domínio dos chapetones), os quitenhos foram vencidos. Em função disso, a independência do Equador demorou muitos anos para se concretizar. Em 1810, as províncias da atual Colômbia começaram a formar suas Juntas de Governo: Cartagena (22 de maio), Cali, Socorro e Pamplona (3 de julho) - e, em 20 de julho, Santa Fé (atual Bogotá). As noticias sobre a Junta de Bogotá se espalharam rapidamente por toda região, incentivando a formação de outras juntas independentes, até mesmo em pequenas cidades. Mas as diferenças econômicas e culturais e a dificuldade de comunicação entre as regiões da Colômbia agravaram o desentendimento entre os criollos, pois cada Junta defendia uma forma de governo diferente. Em 1814, Simon Bolívar, líder do processo de independência na Venezuela, estava refugiado em Nova Granada, já que fora vencido novamente pelos realistas (chapetones) venezuelanos. Bolívar, que acalentava o sonho de formar um grande Estado na região (englobando Nova Granada e Venezuela), liderou o exército das Províncias Unidas, vencendo e anexando a Cundinamarca em dezembro de 1814.
       Assim, em 1831, surgiu a República de Nova Granada, que somente em 1886 recebeu o nome de Colômbia. 




Fonte: http://educacao.uol.com.br/disciplinas/historia/independencia-da-colombia-da-desuniao-a-republica-de-nova-granada.html

11. Guatemala

          Em 1808 a Espanha estava sobre o dominio de Napoleão que impõe o seu irmão José Bonaparte ao trono da Espanha isso iria desencadear a guerra de independência na América espanhola, devido aos desdobramentos políticos daquela situação. Na Espanha, o povo pegou em armas contra a dominação francesa; na América, os criollos pronunciaram-se pelo "lealismo" e se colocaram ao lado de Fernando VII, herdeiro legítimo de Coroa espanhola. Os criollos, entretanto, evoluíram rapidamente do "lealismo" para posições emancipacionistas e, em 1810, iniciaram a luta pela independência.
No México, Agustín de Iturbide lançou um manifesto conhecido como o Plano de Iguala e, em 24 de agosto de 1821, foi declarada a independência do México e incentivados com o manifesto de Iturbide em 15 Setembros 1821 realizazem o Congresso Centro-Americano que declarou independentes os territórios que foram capitania da Guatemala. O mesmo Congresso determinou a criação da Federação das Províncias Unidas da América Central, integrada por Guatemala, Honduras, Nicarágua, El Salvador e Costa Rica. Porém 1822 Iturbide incorporaram a Federação da América Central ao México, atuando contra os desejos da maioria da população. Um ano depois com a deposição de Iturbide,a Federação da Provincia Unidas da America Central se separam do México.



Fonte: http://rubenseaguatemala.blogspot.com.br/2008/06/23-independncia.html













terça-feira, 30 de julho de 2013

Balanço dos Textos sobre 1808


                                                
          Os textos falam da vinda da família real portuguesa e da corte para a colônia portuguesa na America, o motivo foi que D. João VI estava pressionado por duas grandes potencias: a França e a Inglaterra. Mas Napoleão Bonaparte estava prestes a invadir o território e também ser invadido pelas tropas da Inglaterra. Essa transferência da família real estava planejada há muito tempo atrás, foi um plano cogitado, essa transferência foi ajudada pela marinha britânica.
          A primeira parada da família real foram em Salvador e depois eles seguiu para a cidade de Rio de Janeiro, a cidade estava descuidada, mas com a cidade do Rio se tornando a sede do império eles fizeram varias transformações.
          Com a transferência da corte e com os crescimentos da cidade, houve o aumento do numero de escravos. Então pra eles, essa vinda foi boa e eles ganharam muito. 

sábado, 20 de julho de 2013

Estudo Dirigido


                                  

              1.    A ideia central definida pelo autor/a (tese).

R: A ideia é que as postagens estava fugindo do Brasil, pelo título já mostra como estava a situação “Entre ser derrotado por Napoleão ou ver o Brasil invadido pela Inglaterra, D. João VI escapou dos dois".


             2.    Argumentos utilizados pelo/a autor/a para nos convencer de sua tese;
R: Ele estava pressionado por duas potências rivais, uma das escolhas era a fuga. Uma fuga em massa de nobres. Portugal estava sob varias pressões. 

O outro lado de 1808


Em contraste ao luxo da Corte, o povo do Rio no período joanino sofria com a precariedade urbana, carências e opressão. Conheça a dura realidade dos que não foram convidados para a festa.

Guilherme Martins Costa e Marina Lemle
Formiga frita. Antes de os nobres portugueses chegarem aqui e torcerem o nariz, a iguaria era bastante consumida pelo povo local. Visto como hábito detestável pelos europeus, o quitute foi caindo em desuso. Nem por isso passou a ter frango assado na mesa dos pobres...
O imaginário popular ilustra o período joanino com palácios, carruagens, banquetes, vestidos volumosos e leques. Mas a realidade, relegada até pela própria História, era bem diferente.
Em contraste à riqueza que aportou no Rio de Janeiro em 1808, as condições urbanas da cidade e de vida da sua população eram extremamente precárias, e com o aumento repentino das demandas, as carências ficaram mais evidentes: faltava água, comida e moradia.
Autor de A corte no exílio: civilização e poder no Brasil às vésperas da Independência (1808-1821), o historiador Jurandir Malerba pinta um quadro caótico do Rio de Janeiro de 1808. Segundo o professor do departamento de História da Universidade Estadual Paulista (Unesp), a cidade era “muito precária, mal traçada e mal cheirosa”.
“Não havia sistema de esgotos. Os restos da casa, do banheiro à cozinha, eram jogados na praia para que as marés lavassem, e tudo era transportado em tonéis em ombros escravos. As ruas eram escuras e perigosas. A água potável era escassa e o abastecimento de alimentos era deficitário, principalmente o de carnes, cujo consumo era um luxo só presente em poucas ocasiões festivas no ano”, explica.
Rato, angu e farinha
A vinda da Corte e os crescimentos da cidade levaram a um aumento rápido da população de escravos. Em apenas três anos, o número de cativos passou de 9.602 para 18.677, o que fez com que as ruas cariocas ficassem repletas de negros, escravos ou livres. Os negros eram cerca de três quartos da população.
A professora de História do Brasil da Universidade Federal Fluminense (UFF) Sheila de Castro Farias conta que os escravos se alimentavam basicamente de farinha, feijão e charque, que eram os alimentos dados pelos seus senhores.
Mas eles também comiam caça, pesca e banana, a fruta preferida. “Eles gostavam muito de caçar pequenos animais, e alguns grupos étnicos comiam até camundongos”, conta a professora.
Nas ruas, em tendas armadas com ponto fixo em esquinas e praças, negras autorizadas pelo governo vendiam quitutes e refrescos. “As referências que temos mostram que os escravos gostavam de ir nessas tendas comer angu com pedaços de carne de porco e de boi e farinha de milho ou de mandioca”, detalha.
Sheila afirma também que os negros tinham hábitos alimentares diferenciados, oriundos de sua matriz cultural, e com inspiração religiosa. Fortalecer o espírito era mais importante que o paladar ou a nutrição. “Para eles a refeição era um ritual, e este separava homens e mulheres, que comiam alimentos diferentes”, conta.
A historiadora Ynaê Lopes dos Santos, da Universidade de São Paulo (USP), conta que os escravos trabalhavam na alfândega, carregavam produtos ou os seus senhores, vendiam quitutes, produziam e consertavam sapatos, trabalhavam em pedrarias e fábricas ou ainda exerciam atividades especializadas, como carpinteiros, metalúrgicos, barbeiros-cirurgiões.
Segundo Ynaê, muitos não moravam nas residências senhoriais, mas em casebres próximos ao centro da cidade, quartos alugados ou sublocados, cortiços e até mesmo quilombos. “Isso permitia que refizessem seus laços de afeto e familiares que haviam sido cortados pelo escravismo”, diz.
Mas que a vida era difícil era. Jurandir Malerba conta que, mesmo sendo maioria, os negros sofriam com a intransigência da polícia, que coibia suas principais atividades de lazer, como os jogos de casquinha e a capoeira. Havia várias formas de opressão. De acordo com Vera Tostes, diretora do Museu Histórico Nacional, os códigos sociais eram bem diferenciados para cada grupo que compunha a sociedade – a maioria de escravos, os negros livres, os brancos pobres, os funcionários da coroa e os nobres que chegavam, entre outros.
O historiador Nireu Cavalcanti, professor da UFF, observa que, equivocadamente, a historiografia obscureceu a existência do trabalhador assalariado livre: pessoas pobres, mas não negras, ex-escravas ou mulatas, que viviam da remuneração pelo trabalho braçal. A chegada da corte, sua montagem e a quantidade de serviços que exigia, gerou investimentos e aumentou a oferta de oportunidades na cidade. “Caixeiros, por exemplo, trabalhavam em lojas com regras estabelecidas em contrato assinado, em troca de proporção dos lucros, ganhos fixos ou ainda comida e moradia”, exemplifica.
“Católicos”
Já os escravos, afirma Cavalcanti, viviam nas piores condições e sonhavam com liberdade. Mas, quando conseguiam, continuavam em desvantagem social.
A religião era outro fator de opressão. Não se podia exercer abertamente uma religião que não a católica. “Faziam escondido, mas era motivo de prisão. A irmandade de Santa Efigênia, por exemplo, proibia a entrada de qualquer negro que fizesse parte de seitas africanas. E era uma irmandade de negros”, conta Cavalcanti.
Ele explica que todo ano cada pessoa tinha que se confessar pelo menos uma vez. E quem não o fizesse tinha seu nome anotado numa lista negra e podia ser preso. Tal controle fazia com que as pessoas vivessem em grande tensão, temendo o tribunal eclesiástico.
Apesar da repressão religiosa, curandeiros atendiam pessoas de todas as classes, e principalmente os pobres, que não tinham condições de recorrer à medicina oficial. Tânia Salgado Pimenta, professora da Universidade Federal da Bahia (UFBA), investigou documentos da Fisicatura-mor, órgão responsável pela regulamentação e fiscalização das atividades relacionadas à saúde pública entre 1808 e 1828.
“Escravos, forros e mulheres desenvolviam atividades menos prestigiadas, como os ofícios de sangrador, parteira ou curandeiro. A hierarquia adotada pela instituição reafirmava o lugar de cada um, confirmando a posição que tinham na sociedade. Os conhecimentos e as práticas de cura populares eram formalmente desvalorizados”, escreveram em artigo publicado na revista História, Ciências, Saúde-Manguinhos. Mas a população em geral confiava em seus curadores.
“Eles nutriam concepções de doença e de cura mais afinadas com as da população, preocupando-se também com dimensões espirituais atribuídas como causas às enfermidades”, explica Tania.
Obras de Jean Baptiste Debret  Pinturas publicadas em Viagem Pitoresca e Histórica ao Brasil (1834-1839)
Saiba mais:
E Portugal fugiu para cá - Leia a edição especial de janeiro na íntegra e artigos publicados anteriormente sobre a vinda da Corte portuguesa para o Brasil

Em solo baiano


Em Salvador, a família real fez sua primeira parada. A recepção foi calorosa e a despedida, lamentada.

Eduardo Borges
“O rei da Espanha mendigando em solo francês a proteção de Napoleão; o rei da Prússia foragido da sua capital ocupada pelos soldados franceses; o Stathouder, quase rei da Holanda, refugiado em Londres; o rei das Duas Sicílias exilado em sua linda Nápoles; as dinastias da Toscana e Parma, errantes; o rei do Piemonte reduzido à mesquinha corte de Cagliare; (...) a Escandinávia prestes a implorar um herdeiro dentre os marechais de Bonaparte; o imperador do Sacro Império e o próprio Pontífice Romano obrigados de quando em vez a desamparar seus tronos que se diziam eternos e intangíveis”. As palavras do historiador Oliveira Lima sintetizam bem a conjuntura política européia em 1807.
O reino governado pela família Bragança não estava imune àquele conturbado cenário. Portugal vivia o dilema de se colocar entre os interesses britânicos e o projeto imperialista de Napoleão. Em 27 de outubro de 1807, a França assinou com a Espanha o Tratado de Fontainebleau, que deixou expostas as fronteiras portuguesas a uma invasão iminente. Um mês depois, a Corte lusitana estava pronta para abandonar o país e transferir-se para sua maior colônia.
D. João e sua comitiva partiram da foz do Tejo em 29 de novembro. O destino: Rio de Janeiro. Mas os deuses meteorológicos providenciaram um desvio no percurso da história. Em 9 de janeiro, uma forte tempestade fez a armada se dispersar, e embora algumas naus lograssem chegar à costa fluminense, a que levava o príncipe aportou na mesma região brasileira onde Pedro Álvares Cabral dera início à colonização, 308 anos antes: a Bahia. Mais precisamente sua capital, São Salvador da Bahia de Todos os Santos.
Embora sedutora, esta versão não é a única. A parada em Salvador também pode ter sido estratégia intencional do príncipe. Baseado nos livros das embarcações inglesas que acompanharam D. João, o historiador Kenneth Light levanta a hipótese de que a decisão de desviar o percurso foi tomada durante a viagem, devido talvez à força simbólica que representava a Bahia no mundo português.
Coube ao governador, João de Saldanha da Gama Mello e Torres, o sexto conde da Ponte, a honra de ser o primeiro anfitrião oficial a receber no Brasil o príncipe regente vindo de Portugal. A nau Príncipe Real, sob o comando do capitão-de-mar-e-guerra Francisco José de Castro e Mascarenhas, acompanhada de outras de bandeira inglesa e portuguesa, baixou suas âncoras no porto de Salvador no dia 22 de janeiro. Segundo registro de Melo Morais, foi este o primeiro diálogo entre o príncipe e o governador:
D. João: — Não vem ninguém de terra?
Conde da Ponte: — Senhor, não veio imediatamente toda a cidade, mesmo ainda estando a nau de V. Alteza sobre os ferros, cumprimentar e felicitar a V. Alteza, porque eu determinei que pessoa alguma aqui se aproximasse, sem que eu primeiro viesse receber as ordens verbais de Sua Alteza Real.
D. João: — Deixe o povo vir como quiser, porque deseja ver-me.
No mesmo dia, o conde da Ponte expediu dois ofícios ao Senado da Câmara. Em um deles, determinou que os habitantes “deitem luminárias três noites sucessivas” em homenagem aos visitantes. No outro, instruiu o presidente da Câmara a respeito de um encontro dos parlamentares com o príncipe regente, a se realizar no dia seguinte, atendendo ao “ardente desejo, que tem a corporação desse Senado, de merecer a graça de beijar a mão do mesmo augusto senhor”. Neste encontro o governador não pôde estar presente, pois as tarefas de anfitrião lhe exigiam outras providências.
Além do evento político pela manhã, naquele dia 23 o príncipe ainda retornaria à cidade à tarde. Passava das quatro horas quando desembarcou, acompanhado de sua comitiva e cercado por efusiva e curiosa multidão. Em carruagens, foram pela Rua da Preguiça até a ladeira da Gameleira, chegando ao largo do Theatro. Seguiram até a Igreja da Sé entre alas de soldados, que lhes faziam continências. Embalava sua presença o canto de um Te-Deum Laudemos entoado por músicos da cidade. Depois de toda esta cerimônia, o príncipe voltou a bordo, onde ficara sua mãe, a rainha.
No domingo, 24 de janeiro, todos desembarcaram de forma definitiva, com exceção apenas de D. Carlota Joaquina, que continuou voltando toda noite para dormir a bordo, mantendo-se assim até o dia 28. A acomodação dos visitantes mudou de imediato a rotina da cidade. D. João e família hospedaram-se no palácio do governador. Os outros membros da comitiva real foram para a Casa de Relação (sede da Justiça), cujo corpo passou a fazer suas sessões nos Paços da Câmara. Os arquivos oficiais também tiveram que ser deslocados — seu abrigo passou a ser a secretaria da Ordem Terceira de São Domingos.
Buscando agradar ao regente de todas as formas, o conde da Ponte ordenou que no dia 28 o primeiro regimento de linha fizesse exercícios no campo do Forte de São Pedro. E lá foi o príncipe, com toda a família, assistir à apresentação.
D. João apreciava a calorosa recepção dos súditos. Grande novidade entre os moradores, seus passos eram acompanhados com festiva curiosidade. Certo dia, em uma caminhada pela Rua da Vitória, o monarca decidiu distribuir dinheiro para recompensar o carinho popular: ordenou a doação de uma pataca de prata (320 réis) a cada pessoa que se aproximasse. Também concedeu a redução de penas a presos e o perdão a alguns criminosos.
Mas nem só de amenidades foi a rotina do príncipe regente em terras baianas. As providências oficiais tomadas por D. João estão entre as primeiras iniciativas para reestruturar a administração do território brasileiro. No dia 5 de fevereiro, promoveu a oficialidade local, aumentando os postos militares de todas as armas. Expediu as primeiras ordens para a construção de 25 barcas canhoneiras, para a refundição de canhões inúteis e para obras necessárias à defesa do porto. Tomou medidas para aumentar o efetivo do regimento de infantaria e criou dois esquadrões de cavalaria.
Por solicitação do médico José Correia Picanço (1745-1924), mandou criar em Salvador uma Escola de Cirurgia, com as classes de anatomia e obstetrícia, sediada no Hospital Militar. Mais tarde, por meio de Carta Régia, a escola foi transformada em Curso Completo de Cirurgia, originando o núcleo da futura Faculdade de Medicina da Bahia (que seria criada em 1832).
A proibição de indústrias no Brasil — determinada pela rainha D. Maria no alvará de 1785, reafirmando a submissão da economia colonial — começou a cair em Salvador, quando o príncipe concedeu a Francisco Inácio de Siqueira permissão para instalar, isenta de impostos, uma fábrica de vidros. Por influência dos comerciantes locais, que reivindicavam uma seguradora para diminuir os riscos de seus negócios, D. João autorizou o estabelecimento da Companhia de Seguros Boa Fé.
A infra-estrutura da futura capital do reino também começou a ser providenciada na Bahia: foi aprovado orçamento para a abertura de uma estrada para o Rio de Janeiro e ordenado que naquela cidade se inaugurasse uma cadeira de Ciência Econômica. A preocupação do regente é sintomática: um novo corpo dirigente precisava ser formado para pensar um programa específico para o Estado a ser estabelecido na Colônia. Nas palavras do próprio D. João, é “absolutamente necessário o estudo da Ciência Econômica na presente conjuntura em que o Brasil oferece a melhor ocasião de se pôr em prática muitos dos seus princípios, para que os meus vassalos, sendo melhor instruídos nele, me possam servir com mais vantagens”. No mesmo decreto, a escolha do titular da nova cadeira antecipa a importância de um personagem central na concepção de um Estado imperial brasileiro: recebeu a incumbência o economista baiano José da Silva Lisboa, futuro visconde de Cairu (1756-1835).
De todas as medidas tomadas por D. João na Bahia, a de maior visibilidade e de maiores conseqüências foi a Carta Régia de 28 de janeiro de 1808, que ficou conhecida como Decreto de Abertura dos Portos do Brasil.
O conde da Ponte deixara o príncipe a par da situação de penúria em que se encontrava a economia baiana. A principal causa era o fechamento dos portos à saída de qualquer navio, medida tomada em outubro de 1807 pelo próprio D. João, em cumprimento ao Bloqueio Continental imposto por Napoleão. Portugal vivia então o dilema de se defender das ameaças francesas e não perder as boas relações com os ingleses. A vinda da família real para o Brasil demonstrou a escolha de D. João pela segunda opção, mas a prolongada suspensão do comércio da Capitania deixou os armazéns abarrotados de açúcar e tabaco.
Não se pode atribuir apenas à inquietação dos baianos, nem só aos conselhos liberais dados ao príncipe por Silva Lisboa, a decisão de abrir os portos ao comércio estrangeiro. Desde a Convenção Secreta de Londres, assinada também em outubro de 1807 entre Portugal e Inglaterra, preparando o apoio inglês à transmigração da Corte, os britânicos pleiteavam a franquia de um porto no Brasil. Pouco antes da partida da Corte, Strangford, representante inglês em Portugal, insistiu duramente com o ministro Antônio Araújo para que a cláusula fosse cumprida. Chegou mesmo a fazer ameaças, sendo a princípio repelido por Araújo.
Ao chegar ao Brasil, D. João cumpriu o acordo com a Inglaterra. Ao abrir os portos brasileiros ao “comércio universal”, na prática ele beneficiava apenas os ingleses, única nação com condições de manter uma frota mercante e explorar o Atlântico.
A estada do príncipe em terras baianas começou a se encerrar em 24 de fevereiro de 1808. Subiram a bordo nesse dia, mas os ventos pouco favoráveis não deixaram a comitiva partir. Chegaram a voltar para terra no dia 25, zarpando definitivamente no dia 26 de fevereiro.
A partida não foi do agrado dos baianos. Desde o primeiro momento em que o monarca pisou seu solo, já se articulava a permanência definitiva da Corte e a troca do Rio de Janeiro por Salvador como capital do reino. Para os vereadores, a localidade era merecedora “de ser elevada a Dignidade de Capital”, por isso solicitavam ao príncipe que “estabeleça a sua residência nesta cidade, como aquela construída para cabeça de um império”. Para tanto, os comerciantes se ofereceram para construir um majestoso palácio.
Já no fim da estada, uma última tentativa de reter o príncipe foi registrada em uma memória de louvores a Salvador, de autoria do advogado Balthazar da Silva Lisboa, irmão do futuro visconde de Cairu. A representação aconselhava a escolha da Bahia como capital do Brasil. Alguns trechos mostram o teor suplicante dos baianos. Sobre a importância de Salvador: “Ela foi a primeira terra do Brasil povoada, e a sua capital, e foi também a primeira que saiu a receber seu Soberano, o senhor pai da pátria para beijar a Régia e Augusta mão. A sua elevada posição parece ter sido desenhada pela natureza, com o destino de aí erigir o trono do maior dos Soberanos”. Sobre o porto e a geografia: “A abertura do porto por seu vistoso arquipélago onde podem ancorar todas as armadas do mundo, vários e navegáveis rios que nele entram por muitas foz. (...) O seu incomparável porto, o mais belo do mundo, está como no centro das colônias de V. A., que dominando a África lhe abre uma comunicação tanto mais fácil com a Ásia”. A tentativa de convencimento pela perspectiva de consolidação de poder: “Vastas matarias ao sul estão convidando aos povos a admirar a variedade das suas grossas madeiras, atraindo-os ao trabalho de fabricar tão respeitável marinha que segure não só a estabilidade do trono Lusitano, mas uma superioridade que ganhe respeito e admiração das nações que habitam na Europa”.
Um canto entoado na época ilustra o sentimento geral dos baianos sobre o que estavam prestes a perder:
Meu príncipe regente
Não saias daqui
Cá ficamos chorando
Por Deus e por ti...
Mas nada poderia demovê-lo. O próprio conde da Ponte deu parecer encampando a decisão de sediar a Corte no Rio de Janeiro, convencido principalmente pelas vantagens militares envolvidas.
Assim, apesar de todas as tentativas dos baianos de mudar os rumos da História, ela já estava minimamente estabelecida. De qualquer forma, em pouco mais de 30 dias, as ações de D. João na Bahia foram um pequeno ensaio do que seria o período joanino no Brasil.
Eduardo Borges é mestre em História Social pela Universidade Federal da Bahia (UFBA) e professor na Universidade do Estado da Bahia (Uneb) e nas Faculdades Jorge Amado.
Saiba Mais:
SOUSA, Afonso Rui de. História Política e Administrativa da Cidade do Salvador. Salvador: Prefeitura Municipal, 1949.
MORAIS, Melo. História da Transladação da Corte de Portugal para o Brasil em 1807-1808. Rio de Janeiro: Ed. Dupont, 1872.
PINHO, José Wanderley de Araújo. A Abertura dos Portos. Salvador: Publicações da Universidade Federal da Bahia, 1961.
NORTON, Luís. A Corte de Portugal no Brasil. São Paulo: Cia. Editora Nacional, 1979.